Thursday 31 December 2015

Amar Colony

29 de Dezembro 2015
É um dos muitos bairros de Deli, onde andei à procura de uns móveis. Fiquei curiosa em saber porque é que muitos dos bairros de Deli tinham colony depois do nome e fui pesquisar.
A Índia tornou-se independente de Inglaterra a 15 de Agosto de 1947. De seguida aconteceu a "partition", separação da Índia do Paquistão, que deu origem ao maior movimento migratório na história da Humanidade, com a deslocação de cerca de 14 milhões de hindus, sikhs e muçulmanos. A Índia, reservou assim alguns bairros para receber esta enorme deslocação de hindus do Paquistão Oeste (actual Paquistão) e do Paquistão Este (actual Bangladesh) a que deram o nome de colonies. Amar Colony foi um desses bairros e que serviu para acolher uma colónia de refugiados sikhs do West Punjab. Punjab é hoje um dos Estados da Índia que tem o seu equivalente no Paquistão.
Hoje em dia, Amar Colony é um local de comércio sendo a maioria gerida pelos netos dos refugiados que aqui chegaram. O mercado de móveis é muito conhecido e foi lá que encontrei uns armários que andava à procura.

Monday 28 December 2015

Guest book, what a wonderful surprise!!!

28 de Dezembro 2015

De volta a Nova Deli, saio para tratar de algumas coisas fora de casa. Volto para almoçar e tenho a melhor surpresa que podia imaginar. Correspondência de Portugal!!! 
Queridíssima amiga Manela PS mesmo querida! Os correios funcionam na Índia! O subscrito estava bastante rasgado, mas recebi o teu guest book com a maior alegria. Não imaginas as vezes que tinha procurado um destes livros para ficar com o registo de quem por cá passar. Adorei! E os provérbios que escreveste, lindoooo! Vai ficar na entrada a receber quem chega.
Depois de ter estado tanto tempo sem receber correspondência de Portugal, no dia a dia, foi mesmo um fabuloso presente de Natal. Ficamos ansiosamente à espera da vossa visita para poderem escrever no vosso presente! Obrigadíssima.

Thursday 24 December 2015

Missa do Galo em Margão

E foi na escola de Loyola dos Jesuítas, em Margão, que Jesus nasceu este ano nas nossas vidas. Hosana nas alturas! Um Santo Natal para todos.
25 de Dezembro 2015

A aprender hindi

Na Índia a percentagem de pessoas que fala inglês é reduzida. O hindi é a língua mais falada na Índia mas não tem abrangência nacional. Por exemplo, no sul, as pessoas não falam nem compreendem hindi.
A falta do inglês complica bastante a nossa vida do dia a dia, foi por isso que decidimos começar a apreender hindi! Não faço ideia se vamos, algum dia, conseguir falar, ler e escrever hindi mas está a ser uma experiência giríssima. O Professor é o Dharmaraj Kumar, um rapaz novo que para além de nos dar aulas vai-nos explicando e contando curiosidades sobre a sua cultura. Parece que voltámos à primária a tentar desenhar vogais e consoantes deste novo alfabeto. E depois de quatro aulas já conseguimos dizer obrigada, "ok", perguntar "como está?", "venha cá, por favor" e dizer mais algumas palavras soltas como açúcar e leite.
O Dharmaraj diz que daqui a três meses já vamos conseguir falar hindi. Tenho algumas dúvidas... O que importa é que está a ser divertidíssimo e é espantoso ver os sorrisos sempre que conseguimos dizer uma palavra em hindi!
E para desejar a todos um Feliz Natal em hindi, aqui fica uma amostra, Feliz Natal!!!

 23 de Dezembro 2015

Sunday 20 December 2015

Entre o Clero

17 Dezembro 2015

A Conferência Episcopal da Igreja Católica na Índia convidou-nos para um jantar de Natal. O clero é sempre o clero. Ou seja, sempre que vivi fora é sempre um apoio, encontro com paz e fé que nos faz sentir em casa. Foi assim que nos sentimos mas, ao mesmo tempo, uma descoberta, para mim, da presença de diferentes ritos da Igreja Católica.
Na Índia, a Igreja Católica está presente com três ritos diferentes. O rito latino através da Igreja Católica Apostólica Romana, como sempre a conheci. Mas estavam presentes mais dois ritos. O rito Caldeu através da Igreja Siríaca Malabar Católica e o rito Antioqueno através da Igreja Siríaca Malancar. Ambas têm obediência ao Papa e ambas têm a maioria dos fiéis no Estado de Kerala, no sul da Índia. 
A Igreja Siríaca Malabar é a segunda maior Igreja Católica Oriental no mundo, com cerca de 3,8 milhões de católicos, dos quais 2,9 milhões vive na Índia. É, actualmente, a maior comunidade cristã dos seguidores de S. Tomé na Índia e está ligada à Santa Sé desde 1599.
A Igreja Siríaca Malancar tem cerca de 500 mil católicos na Índia e algumas dezenas de milhares de católicos espalhados por outros países. Também tem a sua fundação em S. Tomé e está em comunhão com a Santa Sé desde 1930.
Segundo a lenda, o cristianismo chegou à Índia através de S. Tomé com o rito oriental. O Catolicismo só chegou à costa do Malabar através de missionários portugueses, em especial de S. Francisco Xavier.
Os dirigentes de ambas as Igrejas usam vestes completamente diferentes das que estamos habituados a ver e ambas usam como língua malaiala, língua do Estado de Kerala.
A Conferência Episcopal na Índia é a quarta maior do mundo, com 183 dioceses, só atrás do  Brasil, Estados Unidos e Itália. Ficámos com curiosidade e contamos, um dia destes, ir a uma celebração destas Igrejas para tentar conhecê-las melhor.

Friday 18 December 2015

True Pashminas from Cashmere

Conhecemos mais um português, Luís Barros, através do João Rodrigues, conselheiro comercial do AICEP. O Luís trabalha para uma empresa estrangeira e é intermediário dos mais diversos artigos para a casa e roupa, por isso conhece lindamente o mercado dos têxteis. Desafiou-nos para irmos conhecer uma das melhores marcas de pashminas da Índia, só podem ser de Caxemira.
EZMA é a marca. 
16 de Dezembro 2015
A loja fica em Gurgão, a cinco minutos da nossa casa. É absolutamente fantástica e sofisticada. O toque das verdadeiras pashminas é impressionante e directamente proporcional ao preço. O "staff", uma simpatia. O que mais me chamou a atencao foi a visita guiada pelas salas de trabalho e ficar a saber como tudo acontece. As salas estão repletas de teares enormes. 
Os trabalhadores são todos homens, todos de Caxemira e herdaram esta profissão dos seus antepassados. Pertencem à casta dos artesãos. Os trabalhadores que estão na sala onde se fazem as melhores pashminas são, pelo menos, a terceira geração. Absolutamente fascinante foi saber que cada um deles olha para o desenho pretendido e faz a respectiva tradução, num papel, para urdo, uma das línguas faladas no norte da Índia. Segundo a explicação do nosso guia, antigamente, a tradução em vez de ser passada para o papel era cantada e era ao ritmo da música que o desenho ia ganhando forma.

Thursday 17 December 2015

Surpresas de Natal e não só

Já sabia, antes de chegar a Nova Deli, que há poucos portugueses na Índia. Mas também sabia, pela minha antecessora Zezinha incansável nas dicas, que estava cá a Joana.
Conhecemo-nos no domingo passado no International Bazaar e ficámos de nos encontrar. Hoje foi o dia combinado para almoçar. A conversa fluiu sobre conselhos e o dia a dia na cidade de Nova Deli. Depois falámos do interesse que temos em comum, direitos humanos. Fiquei a saber que a Joana está a trabalhar, como voluntária, numa ONG, STOP, que trata de tráfico de seres humanos, em especial de mulheres e crianças. Ao contar como tinha chegado até esta área, nem queria acreditar, a Joana também foi missionária como eu nos Leigos para o Desenvolvimento. Esteve em missão há 20 anos, em S. Tomé, e eu, há 10 anos, em Moçambique. Que coincidência extraordinária!

E como a Joana é casada com o Embaixador da Áustria, que nos tinham convidado para uma festa de Natal, o fim do dia acabou também com a Joana e com cânticos de Natal do grupo Coral Mozart, fundado há uns anos atrás pelo músico Ravi Shankar, pai de Norah Jones. Aqui fica uma amostra.
15 de Dezembro 2015

Wednesday 16 December 2015

Preparativos para o Natal

Logo nos primeiros dias, fomos a uma venda de Natal e consegui ficar com alguns contactos para tentarmos dar um ar de Natal cá em casa. Fico sempre com a ideia que nunca vamos conseguir encontrar cada um dos sítios que nos indicam porque esta cidade é gigantesca, mas a verdade é que até agora encontrámos quase tudo o que precisamos. O que mais queríamos ter, o presépio! 
Como não fazemos a mais pequena ideia de quando chega o contentor com as nossas coisas e Jesus vai nascer, no "matter what", pusemo-nos a caminho. Nem queria acreditar quando conseguimos ir dar à casa de umas irmãs que vendem "coisas beatas" onde encontrámos o nosso presépio! É made in Italy mas também a nossa "indianizaçao" está a ser um processo gradual. 
A árvore de Natal foi mais simples, havia várias escolhas pelas lojas da cidade. Compramos uma artificial de tamanho médio com as respectivcas decorações, essas sim bastante indianas. Ainda houve tempo para passar num viveiro de plantas para comprar umas estrelas de Natal. A casa ficou, em suma, com um ambiente Natalício e assim, a pouco e pouco, vamos pondo a nossa marca nesta nova casa
13 de Dezembro 2015

Tuesday 15 December 2015

Habemus Embaixador!

9 de Dezembro 2015

Depois do divertidíssimo ensaio de ontem, com um Sikh
 a fingir de Presidente com o ar mais deprimido do mundo, chegou o dia. 
Partimos da chancelaria para a casa Presidencial, devidamente  escoltados. O João, ainda Embaixador designado, vai no carro oficial da Presidência acompanhado do homem do protocolo. Eu sigo logo atrás no carro do João e o Paulo Chaves e a Maria Jorge, diplomatas, e o João Rodrigues, conselheiro comercial do AICEP, vão atrás. O percurso é rapidíssimo, os batedores encarregam-se de afastar os carros que fazem Nova Delhi uma cidade caótica, em termos de trânsito.
O Palácio do Presidente é absolutamente fabuloso, conseguimos perceber que tem uns belíssimos e imensos jardins, tudo o mais arranjado possível com inúmeros vasos de flores.
A guarda presidencial está toda engalanada e com os tão típicos turbantes, lindo!!! Os telemóveis têm de ficar no carro, imagino que por motivos de segurança.
Somos guiados através de uns enormes corredores e de uma longa escadaria até à sala de espera onde se encontram mais três Embaixadores, o da Grécia, o do Burkina Faso e o do Japão, que também vão entregar as suas credenciais. 
Ao som de uns clarins estridentes e de uma marcha militar, o João e os outros três Embaixadores entraram na imponente sala onde já se encontrava o Presidente e os assistentes, entre os quais eu me encontrava. Vinham em fila indiana, como não podia deixar de ser, escoltados pela Guarda Presidencial e por Altos Funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia. Depois foram à vez sendo apresentados ao Presidente e fazendo a entrega das respectivas cartas credenciais. O João foi o único que falou de forma audível, voz bem colocada, e disse solenemente: "Mister President, Sir, I have the honour to present my credentials to you, Sir." Ao que o Presidente respondeu: "Welcome to India!"

Best team ever!

A entrada numa casa nova é uma descoberta diária. Foi logo na primeira semana que fui meter o nariz numa espécie de garagem-arrecadação. Foi como estar num sótão fechado há bastante tempo a encontrar coisas numa arca. Entre outras, descobri uma lanterna enorme de latão mas com cor esbatida e que não estava com a electricidade a funcionar.
Pedi para lhe ser dado um banho e para que "o faz tudo", Bridge, visse como podia pôr a funcionar a dita lanterna. Já sabia exactamente onde a queria pendurar.
Passada uma semana, chegou a lanterna a luzir e vi entrar em casa um escadote gigante feito de forma artesanal. Foi então altura para o Bridge pôr os seus dotes de electricista ao nosso serviço. Não imaginava a dimensão da empreitada que tinha encomendado. A lanterna é pesadíssima e o pé direito do sítio  escolhido por mim para a pendurar é de "apenas" 5 metros! 
Fiquei emocionadíssima ao ver que todos os homens que trabalham cá em casa se tinham mobilizado para ajudar o Bridge. Todos foram indispensáveis para o sucesso desta tarefa. Desconhecia que o Sanjeev e o Naresh, os mordomos, também percebem de electricidade. O Ratanlal, o mainato, ajudou a segurar o escadote e a ir dando apoio com outros materiais e, no momento da subida e de acertar a altura a que a lanterna devia ficar pendurada, juntaram-se ainda os cozinheiros Babulal e Parvesh, um jardineiro e o meu «chauffeur» o Steven. Este foi o resultadão!

8 de Dezembro 2015

Monday 14 December 2015

Primeiro casamento hindu

Chegámos há pouco mais de uma semana e vamos ao casamento da Rikita que trabalha na secção consular da Embaixada. Estou entusiasmadíssima por ir pela primeira vez a um casamento hindu e como qualquer casamento hindu que se preze, um casamento arranjado!
O sítio escolhido para o casamento fica no Estado vizinho da cidade de Nova Deli, Uttar Pradesh. Um percurso que com o trânsito leva cerca de duas horas. Temos de nos habituar a toda uma nova escala. Somos pontuais, como sempre!
        
A receção da família é simplesmente fantástica! São coroas de marygold a volta do pescoço, muitas fotografias e um camera man, para que nada fique por registar. Entramos num espaço ao ar livre, com enormes buffets espalhados a toda a volta, vários espaços com poltronas para os convidados se puderem sentar, já que a espera vai ser longa, ao som da música altíssima que passa nas discotecas indianas e um cenário das mil e uma noites ao fundo que se destina aos noivos e onde vai ser o momento do casamento propriamente dito.
Dão-nos as poltronas mais perto do dito cenário, não podiam estar mais contentes com a presença do João, o senhor Embaixador que decidiu comparecer ao casamento! Depois, a comida (fingerfood) e a bebida não param de passar. E tudo vegetariano e é bom, mas é preciso ter cuidado com os molhos, too spicy…
Contaram-nos, não sei de todo se corresponde a verdade, que desde que a Rikita foi trabalhar para a Embaixada, a família pode, finalmente, tratar de arranjar um bom casamento para a filha porque é exactamente de um casamento arranjado do que se trata. E por mais incrível que possa parecer é mesmo verdade, a Rikita, pelo que consta, só viu o noivo uma vez. Ambas as famílias pertencem a casta de comerciantes, mas a família do noivo é claramente mais abastada.
O cerimonial é ímpar! O noivo chega num coche todo enfeitado de flores e cores, mas acima de tudo muito barulho, muitos tambores, cornetas para que seja uma chegada estrondosa. Todos estão muito alegres a dançar a volta do coche do noivo e parecem divertidíssimos com excepção do noivo que mantém um ar sério. Nós, juntamo-nos a animação e também damos uns saltos de dança!
Tudo é bem prolongado no tempo, o noivo deve ter demorado pelo menos uma hora a chegar ao dito cenário. Nessa altura, é tempo do bramane se sentar com mais meia dúzia de homens e com o noivo, mas o que ali se passou, por ali ficou.
Mais uma hora de espera e finalmente chega a Rikita de encarnado e dourado como manda a tradição hindu. Os familiares mais próximos da noiva vão todos a tentar segurar a “doli” que vai em cima da noiva que vem rodeada de fotógrafos e de camera men com tanta parafernália que quase não nos permitem vê-la. Entretanto, a Rikita passa perto de nos e o seu olhar revela um profundo agradecimento e parece que esta feliz!
Chega, finalmente, o momento do encontro dos noivos. O noivo vai buscar a Rikita e vão juntos para o centro do grande cenário onde se encontram dois enormes tronos. E altura ainda para muitas fotografias com todos os convidados e chega então a nossa vez. Damos-lhes os parabéns e desejamos-lhes as maiores felicidades. A Rikita nunca esconde o seu agradecimento pela nossa presença.
Os noivos sentam-se nas suas poltronas e os convidados assim como os fotógrafos afastam-se ligeiramente, é um momento mesmo bonito. Vemos os dois a conversar sobre as pinturas de hena que cada um tem nas mãos e braços e ambos revelam sorrisos que vem de dentro!
Também me junto a imensidão de fotógrafos para registar este momento. E então que a Rikita me chama com o olhar para subir para junto deles e de um um pequeno grupo reunido a volta dos noivos a dançar. Pedem-me para ir para o meio da roda dançar e tento fazer o meu melhor para agradar aos noivos. Logo a seguir é a vez do João ir para o meio da roda dançar, muito muito bom!
Como a hora já ia avançada e tínhamos a nossa espera quase duas horas de caminho de volta, vamos despedir-nos dos noivos e dar-lhes o nosso presente. Guardarei para sempre as palavras e a forma surpresa com que a Rikita reagiu a nossa oferta quase querendo devolvê -la: “This is not required…”
São hábitos e costumes tão diferentes que nos deixam a pensar. Viva os noivos! E que sejam muito felizes. À Rikita deixo um profundo agradecimento por podermos partilhar um momento tão importante da sua vida nesta incredible India!
5 de Dezembro 2015

Incredible India!


25 de Novembro 2015

Chegámos ao pais, à cidade e à casa que vão ser nossos durante os próximos anos. Não podia ter imaginado nada mais caloroso e que nos faz olhar para quem nos recebe com uns enormes sorrisos rasgados. As pétalas no chão mostram a atenção, o cuidado e o tempo que dedicaram para nos receber e vêm logo com as tão típicas coroas de flores, marygold, para nos colocarem à volta do pescoço.
Estamos arrasados com as horas de voo e a interminável escala no Dubai que tivemos de enfrentar, mas agora podemos descansar com o coração a transbordar!
Nem dá para acreditar que chegámos de facto à Incredible India!